8 Maio | TERÇA | 21h30
Local: Teatro da Politécnica
Seis personagens à procura de um autor

Processo Criativo
Falar sobre teatro dentro de uma peça de teatro é, em primeira instância, algo que considero demasiado... rebuscado e inconsequente! Mas, em Pirandello, o tema “teatro” emerge de uma forma tão despida, tão espontânea, que torna o levantar de qualquer um dos seus textos num acto pedagógico muito interessante, tanto ao nível da dramatização do texto em si, como do reconhecer dos inúmeros parâmetros que compõem os atos criativos dentro do levantamento da peça e de todas as suas nuances de criação.
Falar sobre as fronteiras que existem entre actores, os seus egos, doses criativas e as personagens que, vivas e imortais, perduram muito mais no tempo de quem as representa, coloca a temática numa viagem que vai do actor num nível zero de auto-análise e o transporta desde os meandros da técnica até à conclusiva personagem. E é nesse transportar, enquanto intérprete, que o actor se revê e aprende sobre partes da psique do seu ofício. E isso faz destes textos criações únicas e filosóficas.
Falar sobre o respeito pelo texto escrito, pensado e o seu autor, falar sobre os limites criativos dos encenadores enquanto co-criadores desses mesmos textos, é um debate longo que, em Pirandello, cresce sem moralizar e concluir... Por isso, cativou-nos e é isso que levaremos a cena.
Sérgio Grilo