5 Maio | SÁBADO | 21h30
Local: Salão Nobre do Instituto Superior Técnico
Queda em branco
Processo Criativo
A vontade de ter poder, condição humana a que Nietzsche nos sentenciou, tem muitas caras e muitas expressões. Essa força interior que guia o instinto mais profundo dos nossos corações, mesmo quando não existe nenhuma ambição prática, é a balança que rege todo o relacionamento humano, desde os actos de violência física, manipulação psicológica ou mentira, às demonstrações de ternura, solidariedade ou motivação alheia. A conspiração pelo poder é um estado permanente de desejo… e prazer. E a propriedade do amor é o início e o fim de tudo.
O processo de construção do espectáculo tem como propósito esta tensão, tomando como eixo axial de composição dramatúrgica a relação com o outro, numa (qualquer) história de amor. O Homem Atlântico de Marguerite Duras foi a inspiração para essa história de amor, para sempre recorrente, para sempre uma forma compulsiva de relacionamento, que pressupõe a dominação do outro, a ocupação de um espaço, um reconhecimento, um palco. Que interessa um nome no meio deste instinto predador? Foi esta a questão que guiou a nossa reflexão, que procurou no arrebatamento dos gestos e na fragilidade dos corpos um eterno retorno à solidão em público.